Artigo: Será que eu estou inovando a educação ou apenas me iludindo com a tecnologia?

25/06/2020

Já começo esse artigo com um questionamento: Quem faz a educação?
Mas, antes de respondermos, vamos fazer algumas reflexões.
Esses tempos de pandemia e quarentena nos atingiram tão rapidamente que não tivemos tempo para nenhuma preparação. De repente, nos vimos isolados e impedidos de exercer nossas atividades diárias. Isto nos traz a primeira reflexão: a ilusão do controle. Achamos que temos controle sobre as coisas, mas situações como essa nos mostram que não. Que tudo pode mudar a qualquer momento e levar nossos planos por água abaixo. E não tem como se preparar para isso.
E a educação foi atingida em cheio por tudo isso. Escolas fechadas e sem previsão de retorno, férias antecipadas, professores tendo que gravar aulas, alunos com ensino em casa. Uma reviravolta imensa, sem treinamento, sem tempo de preparo, tudo tendo que ser feito rapidamente. Todo mundo tendo que se adaptar. E então surge 'a salvação': as plataformas digitais. Perfeito! Uma maneira de transmitir o conteúdo online para os alunos. Pensamos: "isso vai ser uma mão na roda, os professores quase não vão ter trabalho, a plataforma deixa tudo pronto!". E então surgiram várias empresas, vários modelos e várias propostas.
Mas será que a plataforma é mesmo a salvadora da pátria? Pois bem, vamos aos fatos. Pensar que a escola e os professores não terão trabalho é uma grande ilusão, pois a plataforma não faz nada sozinha. Os conteúdos precisam ser inseridos, as aulas gravadas, as atividades, as avaliações. "Ahhhh, mas tem um imenso banco de questões". Verdade, mas isso não é nada extraordinário, visto que existem bancos de questões gratuitos na internet, separados por disciplina, por assunto e com fácil acesso. "Ahhhh, mas os conteúdos são disponibilizados online e isso facilita muito". Verdade também, mas isso não elimina o trabalho do professor em elaborar aulas e buscar formas de trabalhar esses conteúdos e ainda precisam contar com o bom funcionamento de fatores externos, como boa conexão de internet. E como essa internet é traiçoeira, hein. Tenho ouvido muitos relatos de grandes escolas com esses problemas de plataformas travando, conexão lenta e retrabalho de inserção e gravação. E os pais reclamando...
E você deve estar se perguntando por que estou tratando desse assunto. Porque, em tempos como esse, e com inúmeras provas de que não temos controle sobre quase nada, temos que valorizar a educação na sua forma genuína, pois é ela que funciona. "Ahhhh, então vamos ficar atrasados, sem utilizar essas ferramentas, sem a tecnologia?". De jeito nenhum! O uso não está sendo questionado, mas o bom uso. Ficar refém da tecnologia, esta que se transforma todos os dias, é ficar refém de um recurso que nem sempre estará disponível (por diversos fatores). Lembremos que o recurso inesgotável é o conhecimento. Este, alimentado todos os dias por professores que nunca param de estudar para dar o melhor para seus alunos. Essa é a verdadeira inovação. Não devia se pagar tão caro por plataformas tão modernas (que às vezes nos deixam na mão). A educação, seja na escola mais cara do país, ou na cidade com menos recursos e com aulas debaixo das árvores, produz os mesmos frutos. Essa educação depende de quem ensina, mas, também, de quem aprende, e não existe tecnologia no mundo capaz de ensinar quem não quer ser ensinado.
A grande valorização tem que acontecer dentro da sala de aula, na lousa, no livro, no caderno. A tecnologia deve ser apenas uma ferramenta, não o foco. O foco é o aprendizado. E isso não tem preço. A verdadeira inovação está no professor que estuda e procura a melhor forma de ensinar seus alunos pra vida. É isso que temos que valorizar, diariamente, pois é um esforço sem tamanho. A tecnologia é muito bem vinda, facilita pesquisas, complementa estudos e deve, sim, ser explorada. Mas essa tecnologia é facilmente copiada. A cada dia surgem novas plataformas, prometendo mais e mais recursos. E cobrando cada vez mais caro por algo que não se mensura.
A educação, as escolas e os professores precisam ser valorizados. Não só nesses tempos de pandemia, mas todos os dias.
De nada adianta essa modernização sem o fator humano.
E respondendo a pergunta do início do artigo. Quem faz a educação são os professores!
Esses, sim, fazem a diferença no mundo.

© 2020 Blog da May. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Webnode
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora